segunda-feira, maio 08, 2006

Ai, Ria, Ria...

Passeio na Natureza - Parque Natural da Ria Formosa
Um parque feito de penínsulas e ilhas
"Um grande complexo lagunar protegido do mar por uma linha de 60 quilómetros de praia e dunas: duas penínsulas e cinco ilhas-barreira, separadas entre si por seis barras. No interior, um imenso labirinto de sapais, bancos de vasa, restingas e salinas, onde mora uma rica e complexa comunidade animal, desde peixes, crustáceos e moluscos às aves, que aqui se destacam pela variedade e quantidade. Sem esquecer o homem, que estabeleceu aqui importantes comunidades piscatórias ao longo dos séculos.




De ocidente para oriente: península do Ancão (conhecida também como Ilha de Faro), ilha da Barreta (ou Deserta), ilha da Culatra, ilha da Armona, ilha de Tavira, ilha de Cabanas e península de Cancela. São estes os personagens principais da fisionomia do Parque. Do lado de fora, o Atlântico exposto, do lado de dentro, uma enorme zona húmida abrigada que fervilha de vida ao sabor do ciclo das marés. A ilha da Barreta, com cerca de 10 quilómetros de extensão, não é habitada e é onde se localiza o cabo de S.ta Maria, o extremo meridional de Portugal continental. Ao longo das penínsulas e ilhas estendem-se importantes cordões dunares, os verdadeiros protectores da Ria ao avanço do mar. E à medida que se caminha para o interior, diminuindo o efeito dos ventos carregados de sal, aumenta a diversidade florística das dunas.

Labirintos de sapal

Atingida a orla interior do cordão dunar, abre-se uma nova dimensão da ria: os extensos sapais. Estão entre os sistemas ecológicos mais produtivos da Terra. Estas formações vegetais de substratos lodosos, resistentes à salinidade e emersão, têm a capacidade de acumular nutrientes orgânicos e minerais transportados pelo fluxo de marés, e pelos cursos de água que drenam para a Ria. As baixas profundidades e a correspondente elevada incidência da energia solar complementam o segredo desta fábrica de vida. Plâncton, crustáceos, peixes, moluscos, aves, peças de uma cadeia alimentar suportada pelo sapal.

Quando desce a maré e ficam a descoberto (ou pouco inundadas) extensas áreas de vasa, dezenas de espécies de aves aproveitam para se alimentar, principalmente durante o Outono e Inverno, já que nesta altura a Ria é o destino para aves provenientes do Centro e Norte da Europa, embora outras a utilizem como escala para destinos mais meridionais. A maior parte são conhecidas como limícolas, por possuírem bicos mais ou menos compridos usados para sondarem os lodos ou areias.

Amêijoas e berbigões

Enterradas nos substratos lodosos e arenosos encontra-se outro grupo de animais que igualmente caracteriza o património natural desta zona húmida: os moluscos bivalves. São dezenas de espécies, entre as quais várias com interesse económico como a amêijoa-boa (Ruditapes decussatus), o berbigão (Cerastoderma edule) e o lingueirão (Ensis siliqua). E neste caso o homem faz parte da cadeia alimentar.

Já há muito tempo que os recursos naturais da Ria Formosa levaram à fixação de comunidades de pescadores, hoje espalhadas ao longo do sistema lagunar, incluindo algumas ilhas, especialmente a da Culatra. E os bivalves são uma das grandes fontes de rendimento, associados a uma das actividades mais antigas da Ria, quer através da mariscagem ou recolha directa, quer pela moliscicultura, ou seja, através da cultura de bivalves em viveiros, delimitados por talhões e ao longe identificados pelas estacas enterradas no lodo ou areia. Outra fonte para pescadores provém das férteis águas da Ria e do mar adjacente. Já foram identificadas mais de 60 espécies de peixes, entre residentes, ocasionais e migradoras de passagem, incluindo várias de grande interesse económico como o robalo (Dicentratus labrax), o sargo (Diplodus sargus), a dourada (Sparus aurata) e o linguado (Solea senegalensis). A pouca profundidade e menor agitação das águas, o papel dos sapais, fazem da Ria uma importante área de abrigo e alimentação, e de desova e/ou desenvolvimento juvenil para muitas espécies de peixes. "

1 Comments:

Anonymous Anónimo tem a dizer o seguinte...

também há rias no algarve!
tenho de rever a minha geografia, kuando se fala em ria... penso em aveiro...

5:41 da tarde  

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