sexta-feira, julho 08, 2005

Atitude cívica do dia...

... foi algo que me deixou chocada e triste... fogo, eu admito que não tenho ido mas fui há mto, mto tempo (antes de ir estudar para terras algarvo-marroquinas) e fiquei fascinada... mas juro que estava na minha listinha de coisas para me actualizar à vida urbana-depressiva desta cidade que adoro... ver um bailado do Ballet Gulbenkian!

Bem, podemos estrebuchar, podemos refilar e pior... se pensarmos que a cultura e investigação são as áreas que melhor demonstram o desenvolvimento de um país.... aí, podemos começar a preocupar-nos...

Deixo uma opção, vão a: http://www.petitiononline.com/bg05ext/ e assinem uma petição que pede que não acabem com esta instituição cultural. Para os que não estão a par ou que não concordam, deixo também uma notícia do DN e o corpo do texto da petição...

Bailarinos criam blogue e lançam carta aberta ao mundo da dança

Centenas de mensagens têm chegado ao mail criado pelos bailarinos do Ballet Gulbenkian (BG), assim como ao recente blogue (balletgulbenkian.blogspot.com ), provenientes de Portugal e do estrangeiro, em solidariedade para com os 40 trabalhadores da companhia extinta terça-feira pelo Conselho de Administração da Fundação."Juntámo-nos à lista das grandes companhias que deram o último suspiro", explica a carta aberta destinada à comunidade da dança, na qual se classifica o Ballet Gulbenkian como "um orgulho" e "um monumento nacional".Ontem, os trabalhadores da companhia almoçaram na cafetaria da Fundação da Avenida de Berna, vestidos de preto, "como forma de demonstrar pacificamente" a sua desilusão. Bailarinos e técnicos têm tido reuniões individuais com os serviços de Recursos Humanos da fundação que agora gere o seu processo e, segundo revelaram alguns elementos ao DN, "as propostas têm sido generosas"."Vamos salvar o Ballet Gulbenkian" é a palavra de ordem de um apelo que foi ontem lançado pela Companhia de Dança de Lisboa, onde se defende a preservação "que o património do BG representa, enquanto companhia de referência para a história da dança em Portugal". A proposta que circula por mail é que seja encontrada uma saída, com a autonomização do Ballet Gulbenkian "sob a égide da Fundação Calouste Gulbenkian e do Estado Português".

PETIÇÃO
To: Conselho de Administracao da Fundacao Calouste Gulbenkian

Como público da dança e como portugueses, os abaixo-assinados vêm por este meio manifestar o seu total repúdio pela abrupta extinção do Ballet Gulbenkian – que se sente, na realidade, como um assassínio. É pouco, designar por “extinção” a morte repentina de um agrupamento em pleno vigor, com quarenta anos de história incomparável e seis estreias absolutas previstas para a temporada assim abortada. O nível do Ballet Gulbenkian, sem dúvida uma das melhores companhias de dança moderna da Europa, senão do mundo, nunca teve paralelo no nosso país, e os seus bailarinos e projectos continuavam a crescer e a evoluir. A cada ano de quatro décadas formou públicos e profissionais da dança, marcou percursos, renovou visões, elevou a vivência artística de um público limitado em opções e artisticamente subnutrido. Será que, numa conjuntura como a que vivemos hoje, podemos dar-nos ao luxo de perder tamanha jóia? Com uma vida artística instável e irregular, será justo roubar ao público nacional uma companhia de superação, de sublimação, da melhor arte que nos é dada a apreciar neste país culturalmente catatónico há demasiadas décadas? Será justo para com a memória de Calouste Gulbenkian desbaratar assim tão valioso labor de quarenta anos? Será civilização, cosmopolitanismo, modernidade, destruir o grande agrupamento de dança moderna de um país, sobretudo de um país como o nosso, tão faminto de referências e de uma vida cultural activa e regular?

Não é justo, excelentíssimos senhores. É, na nossa opinião, um crime cultural contra o país. Temos noção de que o BG não é uma instituição pública. Sabemos que a Fundação Calouste Gulbenkian é soberana nesta decisão. Mas quarenta anos de vida – e que vida – tornaram o BG património nacional. E o património nacional, manda a lei, a ética e o bom senso, deve ser defendido. Esta extinção não faz justiça ao Ballet Gulbenkian nem ao seu público. Não faz justiça a Portugal. Nem faz justiça à Fundação Calouste Gulbenkian, grande farol de um país culturalmente tacteante. Pedimos, por isso, que reconsiderem a vossa decisão. Sob pena de ficarem para a história – da FCG e de Portugal – como os carrascos de um membro insubstituível do panorama artístico nacional.