Bem, como já é oficial…

… já posso falar no assunto… (respiro fundo, encho os pulmões de ar e deixo-o sair devagar)… compramos uma casa!

Tudo muito rápido e sem tempo para pensar muito… cheia de dúvidas e hesitações, apercebo-me de um lado meu que sempre quis ter: o desprendimento a valores materiais. O meu-mais-que-tudo chama-me materialista porque sou muito agarrada às minhas coisas, tralhas cheias de histórias e de mim… mas a verdade é que desde nova que senti que não são as coisas com maior valor económico as mais me atraem. A minha avó paterna (uma das Alices que já aqui falei), quis fazer partilhas antes de ficar mais doente, eu não conseguia escolher as coisas mais caras, queria que ela me desse as que tinham sido mais importantes na vida dela: camisas de dormir cheias de significado e jóias quase a fingir que a tinham enfeitado foram as coisas que fiquei dela… para não falar de peças de roupa totalmente kitsch e que já usei anos a fio... Ah, também me deixou o mau feitio mas isso dava outra história :) Mas isto tudo para dizer que não faço questão nenhuma de TER uma casa, a casa que alugo é mais que minha. Passei lá este ano e meio e muito dificilmente sairá o do meu coração… até há a hipótese de alguém conhecido ficar nela para a vir visitar de vez em quando! Desde que nasci que vivo em casas alugadas (em Lisboa e Faro), e mesmo quando os meus pais quiseram arranjar uma maior e “Nossa”, eu e o meu irmão não quisemos. Aquele era o nosso lar e dividir o quarto tinha sempre vantagens… nem que fossem as conversas nocturnas na escuridão de mana mais velha com mano mais novo…

Voltando à casa… um dia, íamos buscar o Zappa a pé e passamos por uma casa bem pertinho da nossa com um letreiro com algumas das suas características e a dizer “Vende-se”. Telefonamos logo e ficamos a saber o preço… esmoreci… o meu-mais-que-tudo, não! Convenceu-me a irmos ver a casa porque podia ser “aquela”. Lá fomos e gostamos. Ele mais que eu, porque o preço assustava-me (ainda me assusta). Pus-lhe defeitos e esqueci essa ambição. No dia seguinte, soubemos que estava vendida. Definitivamente, não era para nós. Na 2ª feira passada, no meio da Culturgest com amigos e antes do “Sherman´s march” segredou-me ao ouvido: “A placa está lá outra vez. A casa não foi vendida”… tinha recomeçado o meu tormento de tomar decisões tão grandes e pesadas (aiiiiiiii não quero crescer…). Voltamos à casa, já na companhia dos pais para sabermos uma 2ª opinião… acho que gostaram mais que nós! E decidimos… íamos ficar com ela! Em menos de uma semana, decidimos armários, chão, cores de paredes e vimos cozinhas. Já senti o coração apertado no banco quando nos apercebemos que o mundo não é tão luminoso como desejaríamos…

Os meus medos estão todos relacionados com o facto de me saber uma pessoa demasiadamente irrequieta para viver para uma casa, terei de conseguir manter esta possibilidade de fazer e conhecer coisas novas. O trabalho não chega e a casa também não…

A casa é gira. Muito gira. Enorme mas com características que nos fazem sonhar muito. Brevemente, e para vos pôr com curiosidade em a conhecer, tem 3 quartos (?!), 2 wc´s (?!), uma sala de estar, um cozinha com sala de jantar, casa das máquinas e… e… um jardim de 50m2!!!! Temos uma ameixeira! O meu-mais-que-tudo, já se imagina a chamar-me para jantar (ervilhas com ovos escalfados ;) e eu a jardinar e a tratar do nosso quintal… sonhar é bom, não acham?...